sexta-feira, 14 de julho de 2017

Quarta provocação sobre o abecê nordestino

Muita gente – não nordestinos e nordestinos – acha que o modo de pronunciar as letras no alfabeto oficial é que é a correta, a certa.
O que é certo? Será que o certo é medido pela suposta precedência, na história? Ou por, mesmo não sendo o modo usado desde as origens, ficou sendo o certo, por motivos nobres e lógicos? Ou só repetimos, sem refletir, sobre essa "última palavra": “é o certo”?

É certo porque é o que foi definido como certo pela gramática? (e na Gramática cabe tudo? Cabe a língua viva?). 

Enfim...convido-os a refletir sobre o que é isso de “certo” que se teima em repetir (até em bradar aos quatro ventos), muitas vezes sem pensar.

Bom, se for pela precedência, digo que não é: no início do alfabeto romano, a pronúncia das letras F, L, M, N, R, era definida pelo som da letra mais um som “ê” APÓS esse som consonantal, ou seja fê, lê, mê, nê, rê, como dizemos por aqui até hoje. O ef, el, em, em, er, es vieram depois, ainda no alfabeto latino, e por decisão bem arbitrária (e, depois, ficou sendo efe, ele, eme...). Ou seja, também não “é certo” por alguma lógica esquecida no tempo...Se fosse lógico, aliás, seguindo o sistema proposto inicialmente, também o V e o Z deveriam ser ev e ez e não vê e zê. Veremos como é isso em breve!

Será que saber mais sobre essas origens, tanto de uma forma de pronunciar as letras quanto da outra, nos ajudará a começar a ver a questão de outra forma? Torço que sim! Por ora, o importante é entender que se o “certo” vem de precedência ou de lógica, não é!

E se é porque a Gramática diz, e pronto, advirto, relembrando a provocação anterior: o Acordo Ortográfico, assinado em 1990 (reafirmado em 2009 e recentemente tornado obrigatório), admite que os nomes das letras SUGERIDOS "não EXCLUEM outras formas de as designar”.

Então...desconhecimento não pode ser motivo de fechar questão. Vamos buscar outros argumentos, né gente? Porque o “porque é o certo” não dá mais!

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